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Movimentos de Trabalhadores Urbanos
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Trabalhadores urbanos

O dossiê Trabalhadores urbanos contém vídeos da mesa homônima, composta por Benedito Santos (Fórum dos Anistiados dos Operários Navais), Adelino Chaves (Presidente Associação dos Aposentados e Pensionistas da Petrobrás), Ulisses Lopes (Sindicato dos Metalúrgicos), José Adolar dos Santos (Sindicato dos Telefônicos), Nilson Venâncio (ANAPAP - Associação Nacional dos Anistiados Políticos, Aposentados e Pensionistas) e Jardel Leal (DIEESE e ex-metalúrgico). Essas lideranças, que militaram no movimento sindical urbano antes e depois do golpe militar de 1964, recuperam um conjunto de experiências, lutas, tensões e projetos políticos da classe trabalhadora interrompidos pelo regime militar no Brasil.

Ângela de Castro Gomes e Elina Pessanha

Os assuntos abordados na palestra foram:

  • o trabalho coletivo da produção de fontes orais (história oral);
  • a predominância da conciliação na Justiça do Trabalho, a importância da dimensão simbólica e o protagonismo dos operadores nos processos trabalhistas (legislação como campo de luta);
  • a configuração do trabalho análogo à de escravo como crime (Art. 149 do Código Penal de 1940, alterado pela Lei 10.803/2003), sua distinção de precarização e sua presença entre trabalhadores rurais e urbanos;
  • as lutas simbólicas sobre a denominação (“trabalho escravo contemporâneo”/“análogo à de escravo”) e a categoria nativa de “cativo”;
  • os usos políticos do passado para produzir sentido e acionar a memória da escravidão (ausência absoluta de direitos);
  • a existência de duas “classes” de trabalhadores em determinadas fazendas: os “de estimação” e os que “vão para abate”.

A construção da sociedade do trabalho no Brasil, seus desafios hoje

Realizada no Colégio Brasileiro de Altos Estudos (UFRJ), a palestra “A construção da sociedade do trabalho no Brasil, seus desafios hoje” de Adalberto Cardoso (IESP/UERJ), com comentários de Alexandre Fortes (UFRRJ), discutiu a persistência das desigualdades no Brasil e as lutas sociais em torno do trabalho a partir de enfoques históricos.

Adalberto Cardoso

O sociólogo Adalberto Cardoso abordou os seguintes tópicos:

  • a ética da desvalorização do trabalho somada ao racismo de classe com a escravidão;
  • as relações entre, por um lado, a migração rural-urbano e, por outro, a proteção trabalhista, a ética do trabalho e o fracasso da implantação da reforma agrária e do “homem integral” a partir do Estado Novo;
  • a transferência do modo de gestão da força de trabalho escrava do meio rural para o meio urbano no século XX, a repressão por meio de milícias públicas e privadas e o medo da revolta escrava (inimigo interno);
  • a transposição intergeracional de padrões de relações entre classes;
  • o controle privado, e não estatal, das trajetórias sociais no Brasil.

Paulo Fontes

Paulo Fontes lembra que a migração do campo para a cidade no Brasil entre 1940 e 1980 foi a mais expressiva do mundo e ressalta a relevância do tema, que articula estudos rurais e urbanos, cultura operária e camponesa. Defende que se deve desnaturalizar a categoria “Nordeste”, inventada no Sudeste segundo cortes de classe social e raça e o dualismo modernização/proletarização. Aponta mudanças ocorridas desde 1970 e 1980: valorização do trabalhador e a contestação do papel da indústria automobilística na sociedade por setores populares e ambientalistas.

Filme "O Espírito de 45" de Ken Loach

Ocorrida no CBAE/UFRJ, a exibição do filme “O Espírito de 45” do diretor britânico Ken Loach. Após a exibição, seguiram se comentários de José Ricardo Ramalho (IFCS/UFRJ) e debate. No filme, Loach baseou-se em arquivos e testemunhos de trabalhadores, intelectuais e políticos do partido trabalhista para retratar o espírito de mudanças vivenciado no período pós-Segunda Guerra na Inglaterra, da vitória do Partido Trabalhista contra Winston Churchill, à vitória de Margaret Thatcher em 1979 e a consequente derrocada do Estado de Bem-Estar Social.

Debate

No debate foram traçadas comparações entre a construção do Estado de Bem-Estar Social na Inglaterra e em países da América Latina, em especial no Brasil. Enquanto na Inglaterra a social-democracia construiu avanços estruturais e a imagem de “primeiro mundo” desde o pós-guerra, além de ter uma tradição forte da classe operária, nos países latino-americanos a repressão predominou com os regimes militares, impondo obstáculos à democracia e à percepção popular dos direitos sociais (como o sistema público de saúde). Foi apontada ainda a eficiência da propaganda estatal na disputa de hegemonia, o que no Brasil foi dificultado pela dominação de meios de comunicação privados. Assinalou-se a importância de se indagar o que permitiu a produção do apagamento e da despolitização dos avanços sociais conquistados e a vitória de Thatcher em 1979. Fazendo um paralelo com a situação recente do Brasil, se pode perguntar como o conservadorismo liberal conseguiu capturar os imaginários, anseios e desejos transversais da sociedade? Ao lado disso, foi destacado que “O Espírito de 45” mostra um processo histórico de longa duração, o que permite ao espectador observar as contradições e a reversibilidade históricas, provocando ainda a esperança com o ciclo presente na repetição da imagem das pessoas dançando em 1945 no final. Assim, o processo descrito não tem início nem fim, mas construiu determinadas práticas de mudança social que podem se repetir em outros momentos a partir das pessoas mais simples, cuja memória Ken Loach busca resgatar enquanto contrainformação e ação política.

Rubén Vega

Em sua apresentação, Vega abordou diferenças e aproximações entre essas atividades laborais e a seguir comentou alguns trechos de depoimentos dos trabalhadores.

Wecisley Ribeiro Espírito Santo

Em sua apresentação na aula "Movimentos urbanos", Wecisley Ribeiro Espírito Santo assinala questões apresentadas no relato etnográfico do projeto que se fazem presentes mundialmente, como: o reassentamento de populações rurais em conjuntos habitacionais em caso de desastres naturais; a transversalidade da questão urbana (campo-cidade, local-nacional, movimentos sociais diversos); a apropriação privada do espaço construído (pelo capital e organizações criminosas). Destaca que, como a produção do espaço se dá sob o regime do capital, os proprietários definem a política urbana (Porto Maravilha, condomínios de luxo, shopping centers) por meio do desmonte da legislação existente (Plano Diretor; Constituição Federal). Essas práticas regulares, chamadas de "estado de exceção" pelos movimentos urbanos, são radicalizadas durante megaeventos (Copa e Olimpíadas). O pesquisador aponta ainda elementos para compreender o protagonismo das mulheres nos movimentos urbanos, em especial a distância de creches, saneamento, lazer, educação e saúde. Wecisley Santo afirma que uma das conclusões da pesquisa é a existência da luta de classificações não só nas macroesferas da luta de classe, mas também nas micro-situações de interação. Demonstra que em conferências é possível observar tanto conflitos entre os movimentos sociais integrantes, quanto internamente a esses, devido à necessidade de que o militante visibilize agendas do movimento e demandas particulares de grupos. Há ainda coalizões entre movimentos que participam dos conselhos (CMP) e aqueles que não participam (MTST) tendo em vista causas comuns; ao passo em que, na prática, os primeiros podem ser mais críticos ao governo do que os segundos. Por fim, ressalta a demanda dos movimentos sociais de que os pesquisadores incorporem os conhecimentos produzidos por eles.

Debate Movimentos Urbanos

O debate da aula "Movimentos urbanos", que foi realizado no Dia Nacional de Manifestações e Paralisações organizado por movimentos populares e sindicais, se centrou nos seguintes temas:

  • a especulação imobiliária, inflação e o aumento de pessoas sem teto;
  • a impossibilidade de que se reduza o déficit habitacional somente através de políticas como o Minha Casa Minha Vida (MCMV);
  • a necessidade de desapropriação e de combater as causas da gentrificação;
  • os empecilhos na divulgação dos dados referentes ao déficit habitacional;
  • a ambiguidade do modelo atual de governo, entre o aumento do investimento público e da participação de movimentos sociais e a simbiose com o mercado (financiamento de campanhas, dívida pública, mercantilização de políticas habitacionais);
  • a não participação em conselhos, mas o reconhecimento desses espaços por movimentos como o MTST.
  • a ação direta como forma de pressão para que espaços de participação funcionem;
  • as particularidades das relações entre movimentos urbanos e o Executivo, Legislativo e Judiciário.
  • a necessidade de maior interlocução entre os âmbitos e poderes estatais;
  • a lógica da representação das bases na atuação dos militantes enquanto estratégia de visibilidade;
  • as transversalidades e diálogos entre velhos e novos movimentos sociais;
  • a política pública no papel e na prática e a necessidade de se considerar particularidades locais (Morar Carioca, MCMV);
  • as dificuldades analíticas da classificação dicotômica rural/urbano presente nas políticas públicas e legislação.
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