Aline Maia, pesquisadora do projeto responsável pela pesquisa em Caxias, realizou uma fala abordando os processos de ocupação da Baixada Fluminense, concentrando atenção no caso da Fábrica Nacional de Motores.
Marilda Menezes discorre sobre os resultados e a metodologia de sua pesquisa de mestrado (1980-1984) sobre famílias do Alto Sertão da Paraíba cujos membros foram para a região do ABC paulista nas décadas de 1970 e 1980, bem como o seu retorno ao campo desde 2013. Enquanto atualmente estuda a memória social dessa primeira geração de migrantes, sua pesquisa inicial buscou abranger as duas pontas da migração: as relações de trabalho nos locais de saída e de chegada; aqueles que saem e a rede familiar que fica. Retoma os debates da literatura sobre a migração e os seus limites enquanto construção analítica. Argumenta que a abordagem metodológica do processo social e agência social permite observar: as estratégias de reprodução social das famílias camponesas; o ir e vir permanente dos migrantes; formas de lidar com regimes de trabalho e com chefes para além da oposição submissão/resistência (“humilhação”, “sabedoria”, dívida moral).
O debate contou com a participação de um dos ex-presidentes do CONSEA, Chico Menezes, e também de José Ricardo Ramalho, José Sergio Leite Lopes e outros presentes.
Realizada no Colégio Brasileiro de Altos Estudos (UFRJ), a palestra apresentou uma pesquisa que buscou mapear os conflitos fundiários no estado do Rio de Janeiro entre 1946 e 1988. O levantamento teve como base fontes diversas: documentos sindicais, material dos arquivos da Comissão Pastoral da Terra (CPT), acervo do Projeto Brasil: Nunca Mais (inquéritos policiais) e Arquivo Público do Estado do Rio de Janeiro. Também foram realizadas idas a campo e uma centena de entrevistas com trabalhadores, advogados dos sindicatos, agente da CPT, lideranças que atuaram na época e os filhos de lideranças.
Realizada no CBAE/UFRJ, a palestra “A migração Nordeste-São Paulo e a memória dos trabalhadores do ABC paulista” ministrada por Marilda Menezes (UFABC e UFCG) e com comentários de Paulo Fontes (CPDOC/FGV), discutiu o conceito e o processo de migração, com foco no Brasil.
Em sua apresentação, José Ricardo Ramalho afirma que Ken Loach se propôs a construir uma história oral que demonstrasse a tese de que o coletivismo dos trabalhadores, e não o capitalismo, combateu a miséria na Grã-Bretanha, descrevendo com isso como a necessidade de fazer um mundo melhor se expressava em 1945. Apesar de criticar mais duramente os conservadores, o diretor manifesta com as falas dos mineiros o questionamento de que, mesmo com as nacionalizações, o Partido Trabalhista não conseguiu romper com as classes dominantes, principalmente no setor da mineração. O debatedor ressaltou ainda que a proposta trabalhista foi apresentada em um cenário econômico desfavorável, o que se contrapõe à noção de que este impediria avanços nas questões sociais. José Ricardo Ramalho apresentou ainda uma entrevista de Ken Loach ao programa Hard Talk (2012), no qual problematiza a criminalização da “underclass” inglesa nas revoltas de Londres em 2008, e o episódio do mesmo diretor que integrou o filme “11 de Setembro”. Neste, Ken Loach traça parelelos entre o 11 de setembro de 2001, quando houve o atentado ás torres gêmeas nos Estados Unidos, e o de 1973, dia em que o presidente chileno Salvador Allende foi assassinato por um golpe militar apoiado pelos EUA, que levou ao poder o general Augusto Pinochet.