A sessão Padres Europeus no Nordeste: Desafios e Conflitos, coordenada pelo Diretor do CBAE, Professor José Sérgio Leite Lopes (PPGAS-MN/UFRJ), e sediada pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE), foi realizada em 25 de maio de 2018. O Historiador Antonio Montenegro (UFPE) e a Antropóloga Regina Novaes (UFRJ) participaram como pesquisadores convidados. Participação de Moacir Palmeira e Dulce Chaves Pandolfi. A apresentação expôs os resultados de uma pesquisa??? que investigou as formas de atuação, de uma parcela de religiosos da Igreja Católica, sob o contexto da mobilização pela reforma agrária. Dentre os demais temas abordados, a disputa pela hegemonia política e as relações de poder, predominantes na sociedade brasileira entre 1964 e 1980, bem como a efervescência política a partir da década de 1950. Os principais tópicos abordados foram:
o processo de construção da cidadania brasileira e as dissonâncias e continuidades entre as diferentes etapas deste;
a violência cotidiana, a qual os trabalhadores canavieiros foram submetidos;
o caráter retrógrado dos proprietários de terras da região;
a ameaça de Pernambuco ser “uma nova Cuba”;
a análise comparativa entre reportagens sobre a região canavieira de Pernambuco, desenvolvidas por Antonio Callado (1959) e Ted Szulc (1960);
as dinâmicas de setores mais progressistas da Igreja Católica, como a Ação Católica e o Serviço de Assistência Rural;
as propostas das Ligas Camponesas e suas estratégias para uma “reforma rural”;
o conceito de “relação” na análise de deslocamentos políticos e sociais, passivel de ser observado entre uma parcela dos religiosos e dos comunistas (e ou setores da esquerda) no período anterior e posterior ao golpe civil-militar de 1964;
desdobramentos da Declaração dos Bispos do Nordeste (1959);
a Encíclica Fidei Donum, reafirmando o discurso da superioridade cultural e política da Igreja Católica;
os testemunhos dos padres Jacobus Josephus de Boer (Holanda), Joseph Comblin (Bélgica), José Servat (França), Lambertus Bogaard (Holanda) e Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges (França).
A sessão Uma Biografia de José Ibrahim, Líder Sindical da Greve de Osasco (1968), coordenada e ministrada pela Jornalista Maria José Chotil (École des Hautes Études en Sciences Sociales-EHESS), foi sediada pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE), em 04 de maio de 2018. Participação de Marília Guimarães (ex-companheira de Ibrahim). Comentários finais de Elina Gonçalves da F. Pessanha (IFICS-UFRJ) e Paulo Fontes (UFRJ). Após breve introdução do Professor José Sergio Leite Lopes, Maria José Chotil iniciou a palestra especificando as motivações para a concepção de sua obra “José Ibrahim: o líder da primeira grande greve que afrontou a Ditadura”. Aos vinte anos de idade, como Diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de Osasco e líder da Greve de 1968, Ibrahim foi preso, torturado, banido do país e viveu cerca de dez anos no exílio. A autora comentou sobre a experiência em entrevistas com demais militantes exilados durante o período. Elina Pessanha e Paulo Fontes elencaram as especificidades que envolvem a realização de pesquisas sobre trajetórias operárias. Os principais tópicos, destacados pela autora, foram:
o trabalho do Conselho para Comitês, em assistência aos trabalhadores brasileiros exilados na França;
a primeira entrevista concedida por Ibrahim, a Chotil;
a importância da realização de entrevistas com demais militantes que igualmente foram exilados no período, bem como a ausência de depoimentos com figuras centrais, segundo a Pesquisadora, como José Dirceu, Olívio Dutra, Lula (Luis Inácio Lula da Silva), entre outros;
a complexidade para a concepção de uma biografia que abrangesse os aspectos pessoal e militante do biografado;
o rigor acadêmico conferido durante a pesquisa biográfica e, a prioridade em manter-se a leitura em linguagem acessível;
a origem e a infância de Ibrahim e
as experiências sindicais em Osasco (São Paulo), com enfoque nas influências anarquistas, exercidas pelos imigrantes italianos e pelos partidos trotskistas.
A sessão Um Projeto de Biografia Intelectual de Hobsbawm, coordenada pelo Diretor do CBAE, Professor José Sérgio Leite Lopes (PPGAS-MN/UFRJ), e sediada pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE), foi realizada em 27 de abril de 2018. O Historiador Émile Chabal (Universidade de Edimburgo) presidiu a mesa homônima. Tradução e comentários de Alexandre Fortes (UFRRJ). A apresentação de Émile Chabal foi introduzida pelo relato do Prof. José Sergio Leite Lopes, sobre a breve visita de Eric Hobsbawn ao Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social do Museu Nacional (PPGAS-MN/UFRJ). Na ocasião, estiveram presentes diversos pesquisadores, dentre eles, Roberto Cardoso, Otávio Velho e Nicolau Sevchenko. Em seguida, o Historiador abordou a sua trajetória como pesquisador e ressaltou o fato de seu atual projeto configurar como uma "pequena parte" de uma biografia, visto que extenso em demasiado para ser realizado por uma só pessoa. Nesse sentido, o enfoque de Chabal é a relação do escritor britânico com a intelectualidade local, a sua trajetória acadêmica e a consolidação como intelectual e, o Hobsbawn marxista.