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Programa de Memória dos Movimentos Sociais
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Debate

O debate abordou a relação entre “morro e asfalto”, chamando a atenção para a contradição característica do Rio de Janeiro: nos anos 1960, ao mesmo tempo em que ocorrem as remoções, a classe média da zona sul demanda a mão-de-obra das favelas. Em suma, a cidade precisa da favela. Outro ponto diz respeito ao beneficio que a classe média carioca obteve com a política de pacificação, embora continue não sendo uma aliada das causas da população favelada.

Luiz Antonio Pilar

Luiz Pilar narra como o filme “Remoção”, nascido de sua experiência pessoal, se tornou um projeto voltado à preservação de uma memória coletiva ameaçada pela política de remoções.

Regina Novaes

Regina Novaes aponta a questão intergeracional na relação entre memória, juventude e identidade, além de problematizar o uso do termo ditadura para caracterizar o presente ao observar novas formas de exclusão social.

Programação do evento

No dia 1º de abril de 2014, o golpe militar de 1964 completava 50 anos. Para relembrar os acontecimentos que se seguiram durante os anos do regime militar, como também para provocar novas reflexões sobre os projetos políticos interrompidos pelos anos de repressão, o Colégio Brasileiro de Altos Estudos/UFRJ e o Programa de Memória dos Movimentos Sociais (Memov) promoveram o evento “Projetos interrompidos: repercussões da ditadura sobre a universidade, os trabalhadores e os povos indígenas”.

Cartaz do evento

Cartaz do evento. Contém o cronograma com os debatedores e palestrantes das mesas e os testemunhos, bem como os organizadores.

José Sérgio Leite Lopes

José Sérgio Leite Lopes (CBAE/UFRJ) expõe o interesse a respeito de uma reflexão mais profunda sobre os projetos coletivos interrompidos pelo golpe militar, interesse esse, que deu origem ao seminário. No que toca a Universidade brasileira, a conjuntura da década de 1960 expunha a urgência de uma reforma universitária que fosse capaz de democratizar e popularizar a Universidade no país. Outra dimensão fundamental discutida no seminário foi a repressão mais difusa, e por isso mesmo menos conhecida, da repressão dos trabalhadores rurais. Fechamento de sindicatos, intervenções, morte de trabalhadores, um conjunto diversificado de estratégias levadas a cabo pela ditadura militar em um contexto de forte ascensão da mobilização política no campo, com a emergência da Contag, a força do sindicalismo rural e de uma série de outras mobilizações que questionaram a estrutura de poder do latifúndio no Brasil. Por último, a atividade pretendeu também discutir o impacto da repressão junto aos povos indígenas e, sobretudo, os aspectos de permanência da violência do Estado contra estes povos em toda a história do país.

Francisco Urbano de Araújo Filho

O dirigente sindical Francisco Urbano de Araújo Filho, ex-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), analisa a relação entre o golpe militar de 1964 e construção da organização dos trabalhadores rurais no país. Segundo ele, o golpe foi desfechado para interromper a Reforma Agrária incipiente conduzida pelo governo João Goulart, dentro das Reformas de Base. Ele apresenta aspectos da trajetória das organizações do campo, destacando ainda o papel da Igreja Católica nas mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores e da democracia no país.

José Francisco da Silva

O dirigente sindical José Francisco da Silva, ex-presidente da Contag entre 1968 e 1984, destacou a luta para organizar os trabalhadores do campo depois do golpe militar de 1964, quando os sindicatos estavam sob intervenção e os líderes camponeses estavam permanentemente sujeitos à violência por parte dos militares, dos senhores de engenho ou de usineiros, latifundiários e seus capangas. No nordeste do país, uma das estratégias adotadas pelo movimento foi a criação das delegacias sindicais. José Francisco relatou o encontro que teve com o Papa Paulo VI, em 1969, em Roma, quando entregou ao Sumo Sacerdote uma carta na qual denunciava a realidade brasileira sob o regime de exceção e solicitava o apoio da Igreja para a reconstituição democrática do país. Ele explica que a audiência com o Papa foi estratégica no sentido de evidenciar ao governo brasileiro que a Contag não estava isolada ou sozinha em suas lutas. De acordo com o sindicalista, na época da ditadura e sob a intensa perseguição aos trabalhadores e militantes, havia dois guarda-chuvas para as esquerdas: a Contag e a Igreja Católica. José Francisco ressaltou ainda a importância das mobilizações dos camponeses e de outros setores da sociedade para a retomada do processo democrático.

Nilson Venâncio

Nilson Venâncio (ANAPAP - Associação Nacional dos Anistiados Políticos, Aposentados e Pensionistas) conta sobre sua trajetória no mundo rural em uma fazenda em Xerém e como sua identificação com o trabalho de lavrador foi fundamental para a constituição da sua identidade de trabalhador. Nilson relata um pouco sobre sua trajetória escolar, contando que frequentou a escola por apenas três meses, mas que, entretanto, fez muitas aulas enquanto estava preso em Ilha Grande durante a ditadura militar. Trabalhou na fábrica nacional de motores e lá se tornou comunista, se organizando no movimento operário pelo PCB. Nilson fala sobre o "anti-comunismo" do período, sobre a tortura e prisões pelas quais passou. Nilson também fala sobre a conjuntura específica do município de Caxias, o primeiro, segundo ele, a entrar na lei de segurança nacional

Alfredo Wagner de Almeida

Alfredo Wagner salienta a importância de pensar como a história de vida não se separa da história política e essa relação permanente esteve presente em todos os relatos. Um dos aspectos que une as falas dos trabalhadores rurais com a dos trabalhadores urbanos, na visão de Alfredo Wagner, é que muitos líderes tornaram-se referências tanto para os operários urbanos como para os trabalhadores rurais, como no caso do Zé Pureza. Alfredo salienta que, exceto nas falas do Zé Francisco que mencionou sua companheira, e também, nos depoimentos dos filhos do Ferreirinha que mencionaram não só a história dele como também da sua companheira, mãe deles, em todos os outros relatos, segundo Alfredo Wagner, parece existir, um "capital militante" que se apresenta de forma muito individualizada. Alfredo Wagner discute a importância de refletirmos sobre esses projetos interrompidos pela ditadura militar à luz de uma nova conjuntura que propõe novas concepções de política, crescente desconfiança das organizações partidárias e que de certa forma sugerem novas formas de organização, das quais ainda existe, segundo ele, muita dificuldade de compreensão. Para Alfredo Wagner, as lutas de hoje tem mais dificuldade de produzir um sujeito "coletivo" , mas no entanto, são lutas que estão disputando um espaço do comum. Alfredo Wagner aposta que essa "unidade" hoje, sentida perdida pelos militantes que participaram das mesas, será uma unidade construída pela diferença.

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