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Abertura

O dossiê "Abertura" é constituído por vídeos da mesa de abertura, composta por José Sérgio Leite Lopes (PPGAS/UFRJ), Daniel Aarão Reis (UFF) e Geraldo Cândido (Comissão Estadual da Verdade/RJ). José Sérgio Leite Lopes apresentou o sentido do evento, expondo o interesse de uma reflexão mais profunda sobre os projetos coletivos interrompidos pelo golpe militar (1964) no Brasil, mais especificamente no que tocou à universidade, os trabalhadores e os povos indígenas. Daniel Aarão Reis aponta os nós fundamentais que ainda permanecem nos debates sobre o golpe militar: a participação civil, as ambiguidades de alguns atores sociais em relação ao regime, as polêmicas em torno do tema da transição democrática e os legados da ditadura. Geraldo Cândido oferece uma perspectiva dos trabalhadores sobre a repressão, a organização sindical e o movimento popular do período, e sugere diálogos entre aquele momento e o tempo presente.

Benedito Santos

Benedito Santos (Fórum dos Anistiados dos Operários Navais) é natural de Alagoas e entra para o Sindicato dos Operários Navais em 1963, como cabeça de chapa - ocasião em que trabalhava no Estaleiro Mauá. Benedito Santos salienta que filiou-se ao Partido Comunista desde a década de 1950 e conta que o sindicato dos operários navais foi um dos sindicatos mais dinâmicos e mobilizados desse período. O primeiro congresso de solidariedade à Cuba, por exemplo, é destacado por Benedito como um acontecimento importante e que foi sediado pelo sindicato dos Operários Navais. Benedito também fala sobre a participação do sindicato no comício da Central do Brasil. Benedito rememora a ocasião em que o presidente João Goulart visitou o sindicato e também, logo após o Golpe Militar, quando a polícia invadiu o sindicato e prendeu mais de 100 lideranças do sindicato dos operários navais. Benedito nos fornece um relato da sua prisão e das torturas sofridas por ele, fala sobre a prisão no Caio Martins de centenas de pessoas. Benedito termina seu depoimento falando sobre a importância da liberdade.

Debate trabalhadores rurais e urbanos

O dossiê "Debate sobre trabalhadores rurais e urbanos" contém o vídeo dos comentários do debatedor Alfredo Wagner de Almeida (UFAM) sobre as mesas "Trabalhadores rurais" e "Trabalhadores urbanos".

Carlos Vainer

Carlos Vainer (FCC-UFRJ) fala sobre a importância de compreender a memória como um “campo de batalha”. O professor retoma em sua fala o momento de efervescência intelectual, artística e do campo da ciência da década de 1960, o que produziu uma cultura política marcadamente intelectualizada e engajada. Para ele, existia nesse período, uma fusão entre ciência, arte e política, e que, é fortemente interrompido depois de 1968 com o endurecimento do Regime Militar. O professor Calor Vainer sintetiza alguns elementos importantes para se compreender a cultura de esquerda nesse período e sobretudo, entender como os projetos políticos estavam fortemente vinculados à universidade e ao campo intelectual de uma maneira geral

Povos indígenas

O dossiê "Povos indígenas" contém vídeos da mesa homônima composta por João Pacheco de Oliveira Filho (PPGAS/UFRJ), o procurador Antônio Cabral (Ministério Público Federal/RJ), a pesquisadora Iara Ferraz (UFRJ), o pesquisador Marcelo Zelic (Grupo Tortura Nunca Mais) e o antropólogo Alfredo Wagner de Almeida (UFAM). Maria Rita Kehl, relatora de capítulo sobre indígenas no Relatório da Comissão Nacional da Verdade (CNV), não pôde estar presente e enviou um texto, lido por José Sergio Leite Lopes (PPGAS/UFRJ). A mesa discutiu a repressão contra os indígenas durante o regime militar no Brasil e as suas consequências no presente. Os participantes abordaram o Relatório Figueiredo, os trabalhos da CNV e a apuração de violações dos direitos indígenas.

Antônio Cabral

Primeiro palestrante da mesa de debates sobre Povos Indígenas, o procurador Antônio Cabral, do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro, apresentou informações sobre os Grupos de Trabalho do MPF voltados à investigação sobre a ditadura militar, entre os quais o GT Memória e Verdade, constituído para apurar os fatos ocorridos no Araguaia, e o GT de Violações aos Povos Indígenas e Regime Militar, da 6ª Câmara de Coordenação e Revisão – Populações Indígenas e Comunidades Tradicionais. O procurador, nascido em 1978, destacou que sua geração “tem o dever de fazer a ponte entre o passado e o presente e de evitar que esses fatos se repitam em nosso país”. Mostrou uma fotografia produzida em Belo Horizonte durante um desfile de 7 de setembro, no período do regime militar, na qual integrantes da guarda indígena exibiam um homem pendurado em um pau-de-arara, destacando não ter conhecimento de outro regime de exceção em que a barbárie fosse exibida dessa forma. Ressaltou as várias iniciativas do MPF para apurar as violências ocorridas contra os indígenas durante a ditadura. De acordo com ele, há necessidade de reconciliação, de o país seguir adiante, mas também de fechar as feridas do passado: “Em algumas situações não se pode fazer isso em que haja alguma medida de sanção aos atos do passado - os exemplos históricos estão aí, inclusive de ditaduras latino-americanas”.

Alfredo Wagner

O antropólogo Alfredo Wagner de Almeida (UFAM) destaca que um dos aspectos que diferenciam os relatos feitos pelos expositores da mesa é o tempo histórico dos dados (anterior ou posterior à Constituinte de 1988), considerando que, no caso apresentado pelo antropólogo João Pacheco de Oliveira Filho, as informações sobre o “Massacre do Capacete” emergiram no interior de uma etnografia sobre os Tikuna colada à própria estratégia dos movimentos indígenas. A partir do relato da antropóloga Iara Ferraz, analisa o modo pelo qual os Suruí, utilizados pelos militares na Guerrilha do Araguaia, são impelidos a uma ação sem saber o porquê: “Quando você é impelido involuntariamente a provocar um ato (...), você perde a sua condição de sujeito. E a ideia do autoritarismo, da ditadura, é justamente roubar a sua condição de sujeito, impedir o encontro com a consciência de si mesmo”. Nas pesquisas sobre o tema, de forma geral, Alfredo Wagner aponta dificuldades na construção de uma série histórica. “Temos dificuldades de constituir cruzamentos quantitativos com eficácia elevada para informar de maneira precisa: quantos são, quais são os indígenas punidos, sacrificados”. A seu ver, uma dificuldade inerente às condições próprias dos massacres, dos genocídios, é justamente o desaparecimento das provas circunstanciais. No enfrentamento desses problemas, avalia que não basta o pesquisador estudar o indígena sofrendo a ação: “É preciso estudar também a ação que está em jogo, porque mesmo o massacre é uma forma de relação com um programa governamental”.

Adriana e Fábio Cardoso

Adriana e Fábio Cardoso, filhos do ex-dirigente metalúrgico José Domingos Cardoso, conhecido como “Ferreirinha”, e da também militante política Maria Irony Bezerra Cardoso, narram as perseguições políticas sofridas pelos pais nas décadas de 1960 e 1970, quando ambos eram dirigentes da Juventude Operária Católica (JOC) no Rio de Janeiro. Maria Irony estava grávida quando foi presa e torturada por agentes da repressão, tendo permanecido na prisão entre abril e dezembro de 1970. Naquele período, Ferreirinha vivia na clandestinidade. Adriana nasceu poucas semanas após a libertação da mãe, em janeiro de 1971. Fábio nasceu no período do exílio, em 1973. Adriana e Fábio relembram cenas da infância, quando a casa da família no exterior era frequentada por amigos de vários lugares do mundo, muitos deles também exilados. Eles analisam o contexto das lutas travadas pelos militantes no período, sob a intensa perseguição dos órgãos de repressão. Ferreirinha, Maria Irony e os filhos voltaram ao Brasil com a abertura política de 1979 e desempenharam papel destacado na organização do PT e da CUT e em outros movimentos sociais.

Tatiana Roque

Tatiana Roque, professora da UFRJ, oferece seu depoimento como filha do professor também da UFRJ, Lincoln Bicalho Roque, assassinado pela ditadura militar em março de 1973. Tatiana Roque conta como em 1992 entrou com um processo judicial, no qual responsabiliza o Estado Brasileiro pelo assassinato de seu pai em condições de tortura na sede do DOI-COD. Tatiana Roque conta também como foi difícil, nesse processo, encontrar provas de que Lincoln Roque foi professor vinculado à UFRJ devido à problemas, dificuldades e desaparecimento dos documentos da Universidade, também consequência de um trabalho do próprio Regime Militar.

Comum e comunidade: uma alternativa ao neoliberalismo

A palestra realizada no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ), aborda as formas como o neoliberalismo se apresenta como uma lógica normativa que modela sociedade e subjetividades. Destacando dois eixos principais: a universalização da concorrência como forma de mediação entre países, pessoas, instituições e do modelo de “empresa”, aplicado em todas as instituições e aos sujeitos em si. Nesse sentido, o neoliberalismo, desde seu surgimento nos anos 1930, trouxe consigo um componente anti-democrático, fundamentado numa legislação que sacraliza as normas do capitalismo, de modo que a democracia tendeu a se tornar meramente formal.

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