Alfredo Wagner salienta a importância de pensar como a história de vida não se separa da história política e essa relação permanente esteve presente em todos os relatos. Um dos aspectos que une as falas dos trabalhadores rurais com a dos trabalhadores urbanos, na visão de Alfredo Wagner, é que muitos líderes tornaram-se referências tanto para os operários urbanos como para os trabalhadores rurais, como no caso do Zé Pureza. Alfredo salienta que, exceto nas falas do Zé Francisco que mencionou sua companheira, e também, nos depoimentos dos filhos do Ferreirinha que mencionaram não só a história dele como também da sua companheira, mãe deles, em todos os outros relatos, segundo Alfredo Wagner, parece existir, um "capital militante" que se apresenta de forma muito individualizada. Alfredo Wagner discute a importância de refletirmos sobre esses projetos interrompidos pela ditadura militar à luz de uma nova conjuntura que propõe novas concepções de política, crescente desconfiança das organizações partidárias e que de certa forma sugerem novas formas de organização, das quais ainda existe, segundo ele, muita dificuldade de compreensão. Para Alfredo Wagner, as lutas de hoje tem mais dificuldade de produzir um sujeito "coletivo" , mas no entanto, são lutas que estão disputando um espaço do comum. Alfredo Wagner aposta que essa "unidade" hoje, sentida perdida pelos militantes que participaram das mesas, será uma unidade construída pela diferença.
O ciclo Pensando os 50 Anos do Golpe Militar, coordenado pelos Diretores do CBAE, Professores José Sergio Lopes (PPGAS-MN/UFRJ) e Beatriz Heredia (PPGSA-IFICS/UFRJ), e sediado pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE), foi composto por dez sessões, realizadas entre os dias 19 a 20 de maio e 13 de agosto de 2014.
O evento, organizado pelo CBAE, Laboratório de Educação e Patrimônio Cultural da Universidade Federal Fluminense (Laboep/FEUFF) e pelo Museu Sankofa da Rocinha, contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Laboratório do Filme Etnográfico/UFF e do Instituto Moreira Salles.
Dentre os convidados, integraram Professores, lideranças sindicais e de movimentos sociais e brasileiros de etnias indígenas.
O ciclo foi validado como curso pelo Conselho de Ensino para Graduados (CEPG/UFRJ), a integrar os Programas de Pós-Graduação em Antropologia e Sociologia do Museu Nacional (PPGAS-MN) e Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (PGSA-IFICS)
Pensando os 50 Anos do Golpe Militar objetivou analisar os impactos e desdobramentos do Golpe de 1964, por meio de testemunhos e debates entre lideranças de movimentos sociais e intelectuais que, relacionam processos políticos atuais ao Regime Ditatorial Militar instituído no Brasil.
O autoritarismo e a repressão, dirigida a povos indígenas, trabalhadores rurais e urbanos, assim como as repercussões em favelas e universidades, foram eixos norteadores ao longo dos encontros.
Registro sonoro da sessão Juventudes, Redes e Movimentos Sociais.
Lygia Segala e Tania Silvia apresentaram o “Varal de Lembranças”, cujo escopo foi a constituição da memória coletiva.
O desenvolvimento do projeto se deu entre as décadas de 1970 e 1980, na cidade do Rio de Janeiro, sob o contexto das remoções sucessivas e das reivindicações por urbanização, por parte dos moradores da favela da Rocinha (São Conrado).
A apresentação de Mônica Francisco destacou a conduta da mídia em um esforço de construção de uma imagem, da população favelada, como uma “população mandável”.
O discurso oficial é articulado para justificar os processos de remoção.
Mônica referiu-se, ao fenômeno da gentrificação, como uma “expulsão branca”, mais especificamente, em relação ao morro do Vidigal (entre os bairros do Leblon e São Conrado), localizado na cidade do Rio de Janeiro.
Edison Diniz apresentou o Núcleo de Identidade e Memória da Maré (NUMIM), que resultou em um site e na publicação de dois livros.
Ressaltou sobre a relevância de se constituir a memória das favelas, a exemplo do NUMIM, principalmente em se tratando da construção identitária local.
Segundo ele, a presença de milicianos corresponde a um cenário de regime ditatorial contemporâneo.
Registro sonoro da sessão As Três Ditaduras.
A sessão Trabalhadores Rurais, coordenada pelo Antropólogo Moacir Palmeira (PPGAS-MN/UFRJ), e sediada pelo Colégio Brasileiro de Altos Estudos (CBAE), foi realizada em 19 de maio de 2014.
Os Sindicalistas José Rodrigues Sobrinho (CUT e Fetarn), Francisco Urbano de Araújo Filho (CONTAG) José Francisco da Silva (CONTAG) e, a Advogada Angélica Gentili (ex-Assessora Jurídica da CONTAG) e Josefa Reis (Técnica do Incra e ex-Assessora da CONTAG), integram a mesa.
A sessão discorreu sobre a continuidade das lutas camponesas no Brasil, após o Golpe de 1964, e o seu significado histórico.
Os seminários do ciclo “Pensando os 50 anos do golpe militar”, ocorridos em 19 e 20 de maio e 13 de agosto de 2014, tiveram por objetivo analisar os impactos e desdobramentos do golpe através de testemunhos e debates de lideranças de movimentos sociais e intelectuais que relacionam a ditadura militar (1964-1985) a processos políticos atuais. Utilizando como eixo o autoritarismo e a repressão dirigida a povos indígenas, trabalhadores rurais e urbanos, dando especial atenção às suas repercussões nas favelas e universidades.
UntitledCartaz do evento. Contém cronograma e organizadores do evento.